domingo, 26 de junho de 2016

A música mais dolorida do Blur

                                                                                                      Imagem: Rolling Stone

Blur, certamente, é uma das minhas bandas favoritas. "Coffee & TV", por exemplo, é uma das músicas que mais gosto e uma espécie de "hino" pessoal para mim.

Nos últimos dias tenho escutado bastante os álbuns do Blur novamente. E tem sido uma prazerosa redescoberta.  

As pessoas, em geral, ao se referirem ao Blur comentam muito sobre os álbuns da "Life Trilogy" (Modern Life Is Rubbish, Parklife, The Great Escape) e Parklife, de 1994, costuma ser considerado o melhor disco do quarteto. De fato, com esses três discos - os dois últimos, grandes sucessos comerciais -, com canções cujas letras são profundamente irônicas e debochadas, o Blur reivindicava uma música de identidade britânica em um momento em que o cenário do rock era dominado pelo grunge dos Estados Unidos, além de, ao mesmo tempo, tecer uma forte crítica ao modo de vida do Reino Unido. 

Gosto muito de Parklife e The Great Escape (1995) e reconheço que há músicas sensacionais neles. Mas, na minha opinião, os melhores discos do Blur são o álbum homônimo de 1997 e 13 (1999). Penso que nesses dois registros foi que a banda atingiu maturidade, deixando de se importar com atingir o topo das paradas e com a  rivalidade com o Oasis. O Blur se tornou mais sombrio, o som mais pesado e experimental e os temas das canções passaram a refletir mais o que os integrantes sentiam.

E uma das canções que mais tem me emocionado nessa minha reaproximação com o Blur é "No distance left to run", de 13. Uma das mais belas letras já escritas por Damon Albarn. E, provavelmente, a música mais triste do Blur. Como mostra o documentário No Distance Left to Run (de 2009), esse álbum foi realizado em um momento difícil da banda, em que as relações entre os integrantes estavam bem desgastadas, principalmente entre Damon e o guitarrista Graham Coxon, que depois viria a deixar o grupo. 

Além disso, Albarn estava terminando um relacionamento de vários anos com Justine Frischmann, vocalista do Elastica - os dois eram conhecidos como o "casal do Britpop". A letra de "No distance left to run" é uma clara referência à separação. No filme, o baixista Alex James diz algo interessante sobre o modo de compor de Albarn: "Cantar sobre personagens era uma espécie de mecanismo, mas parecia que havia uma espécie de desvio desse tipo de artifício, no 13. E ele estava realmente cantando do fundo do coração".

Graham Coxon, por sua vez, conta no documentário como se sentiu ao ouvir a música: "Não fazia a menor ideia de que as coisas estavam terminando entre o Damon e a Justine, apesar de ser fácil de adivinhar. 'No Distance'... Tornou-se muito claro quando estávamos ouvindo a letra. E, mais uma vez, foi um aviso, na época, para mim, de que o Damon não era apenas um maníaco da carreira sem quaisquer sentimentos. Ele era realmente de carne e osso e estava sofrendo muito e, sim... Eu... Isso... entendem... Isso fez com que me apaixonasse por ele outra vez, de certa forma. Isso foi: 'Meu Deus! Ele é realmente como eu, só age de um jeito diferente'."

No vídeo abaixo, é possível conferir a banda tocando "No distance left run" em seu show de 2012 no Hyde Park, em Londres. Quem em algum momento da vida nunca sentiu o que expressa essa música?



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