quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

22 velinhas

Às vezes acho que o tempo passa rápido demais. As coisas parecem caminhar em um ritmo acelerado, tenho medo de não conseguir dar conta das responsabilidades, de estar dando passos maiores que minhas pernas. Mas então me pergunto, poderia ser de outra forma?

Tenho agora 22 anos. Putz, 22 anos! E o que eu construí até agora, além de uma pretensa "carreira" e de obter a incompreensão de boa parte dos parentes? Em verdade, nada de muito concreto. É claro que tenho feito algumas (poucas, mas muito boas) amizades ao longo dos anos, tenho (quero crer) uma biblioteca razoavelmente boa para uma estudante de Letras, algumas dívidas no cartão de crédito... Só que o velho lance de "plantar uma árvore, escrever um livro, ter um filho", isto é, deixar seu "legado" para a humanidade - de alguma forma, parece que sempre desejamos driblar a morte -, ainda não rolou.

Talvez não role. Nunca. Porque é pretensão demais achar que todos os que surgem na Terra vão fazer algo de verdadeiramente útil para o próximo ou para as gerações futuras - e pretensão maior ainda é eu achar que serei uma dessas pessoas. É até legal ter um pensamento desse tipo, extremamente positivo, embora não seja nada realista.

Entretanto, às vezes, no mundo caótico em que vivemos, é necessário se agarrar a alguma utopia, para que possamos seguir em frente e acreditar que podemos mudar a ordem das coisas, fazer a diferença.

Não, eu não acho que ninguém deva se sentir obrigado a fazer nada por ou para alguém. E essa ideia de que todos temos uma "missão" também não cola comigo. Simplesmente creio que você deve fazer aquilo que acha que deve fazer, aquilo que você acha que fará você se sentir bem. E "don't worry, be happy!"

Tenho tentado seguir essa receita nos últimos 22 anos. Nem sempre funciona, é verdade. Mas não se pode ganhar todas, não é mesmo?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Aperitivo

Essa postagem é um "aperitivo" para futuros comentários meus sobre Tron: Legacy. Mas não só: ela é a primeira de várias outras que terão o propósito fútil de pura e simplesmente encher nossos olhos, amiga leitora, com alguns belos exemplares da espécie humana.

Satisfeita com Tron: Legacy, achei interessante iniciar esse novo segmento do blog (que, na verdade, já existia no My Headphone), Gostosuras ou travessuras?, com um dos astros do filme, Garrett Hedlund.

Clique nas imagens do post para ampliá-las e apreciá-las como se deve, hehe.


E antes que queiram me apedrejar por fazer um elogio aos dotes do rapaz, enquanto meio mundo o tem cruxificado, vamos a algumas considerações. O caso é que muita gente tem reclamado do desempenho de Garrett Hedlund em Tron: Legacy (aliás, tem muita gente reclamando do filme também). Dizem que o ator não tem carisma, não é adequado para o papel, etc. etc.

Garrett pode não ter a simpatia e a desenvoltura de Jeff Bridges quando este encarnou Kevin Flynn pela primeira vez, no Tron de 1982. Mas, sinceramente, não acho que sua atuação nesse novo Tron como Sam Flynn seja assim tão ruim. Não é uma maravilha, mas também não compromete. E, caramba, Jeff é Jeff! Ele é o cara! É até injusto fazer comparações.

Além do mais, esse não seria o primeiro caso de ator principal de filmes de ficção científica e afins cujo desmepenho não parece muito convincente. Antes de Hedlund, Hayden Christensen (que interpretou Anakin Skywalker nos episódios II e III de Star Wars) e Sam Worthington (Jake Sully em Avatar) sofreram bastante com as críticas, isso sem falar em Keanu Reeves (o Neo de Matrix), que, por sua falta de expressividade, já recebeu, ao longo da carreira, várias indicações ao Framboesa de Ouro de Pior Ator. E isso sempre vai acontecer, porque Tron e todos esses filmes que citei são feitos com o objetivo principal de entreter, divertir (e cumprem até bem esse papel), e para isso também precisam, dentre outras coisas, de protagonistas bonitões.

Só o que me revolta é que as pessoas realmente acham que Sam Worthington é um bom ator e que Avatar é o melhor filme da década. Sam Worthington? Avatar? Que piada! E aí começam a desprezar Tron, que, na MINHA OPINIÃO, é até mais legal que o filme de James Cameron. Avatar, assim como Tron: Legacy, é um bom filme pipoca, e não muito mais que isso. Por que é tão difícil que as pessoas entendam isso?

Mas, voltando a Garrett Hedlund...


No site Omelete, do qual sou leitora assídua há tempos, Érico Borgo publicou uma crítica interessante sobre Tron: Legacy. Apontou problemas no roteiro, comentou os efeitos especiais, as atuações. Não concordo com tudo o que foi dito, mas respeito a opinião de Borgo, porque o autor apresenta argumentos, em sua maioria, consistentes. Só achei forçada a referência a Garrett, no fim do texto:

"Já Garrett Hedlund... Esse surge como a próxima geração da canastrice, andando baloiçante, braços abertos no contra-luz, como se estivesse em um comercial de calça jeans dirigido por Michael Bay".

Engraçado. Se fosse uma mulher a andar rebolando ou com os peitos pulando para fora da roupa ninguém ligaria, ninguém pararia para tecer esse tipo de comentário, por mais vulgar que a cena fosse. Incrível como as pessoas são hipócritas. Todos (leia-se: a maioria do público, isto é, nerds do sexo masculino) só falam da beleza de Olivia Wilde e Beau Garrett. Já o intérprete de Sam Flynn é taxado de canastrão só porque exibe o material que Papai do Céu lhe deu. Cadê a justiça?

Caramba, só eu acho que o Garrett Hedlund fica um espetáculo de homem com aquela roupa colada no corpo?! Tron: Legacy merecia um Óscar de Melhor Figurino!


Vida longa ao mundo de neon e roupas colantes de Tron! Que a força esteja com os Flynn!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Orgulho de ser tricolor

Torcida tricolor homenageia o craque do Brasileirão durante o jogo contra contra o Guarani, em 05/12/2010.

Creio que a foto acima representa a síntese de, ao menos, dois ditados populares: 1) Uma imagem vale mais do que mil palavras; 2) A voz do povo é a voz de Deus.

Não sei se Conca é o argentino mais querido do Brasil. É provável até que não, porque nosso instinto bairrista nos faz crer que "argentino" e querido" são duas palavras incompatíveis para a mesma sentença. Bem, Conca pode não ser o argentino mais querido do Brasil. Mas, provavelmente, é o mais querido dos cariocas. E, certamente, é o xodó dos tricolores.

As pessoas, no entanto, não podem ser culpadas por manterem atitudes preconceituosas em relação aos vizinhos argentinos, ou, sem ir tão longe, dentro das fronteiras nacionais, aos irmãos paulistas ou nordestinos, por exemplo - aliás, a própria idéia de nordestino me incomoda, pois parece colocar no mesmo saco um monte de traços culturais diferenciados e nos dizer que todos os que são da vasta região são iguais, o que, sem dúvida, é um grande equívoco. O pior é que esse tipo de pensamento é constantemente reforçado pelos meios de comunicação de massa.

No caso da conquista do título do Brasileirão pelo tricolor das Laranjeiras (acho que deixará de o ser, mas, enfim) pude notar uma diferença gritante no tratamento da notícia em veículos da imprensa carioca (refiro-me, sobretudo, à Rádio Tupi) e da imprensa paulista (nesse caso, acompanhei mais a cobertura televida da Band).

Não estou dizendo que está certo e outro errado. Até porque o discurso jornalístico, assim como os outros, não é isento de subjetividade. Só acho que o pessoal da emissora paulista deveria entender que o futebol brasileiro não se resume ao Corinthians. E garanto que não estou sendo bairrista ao fazer essa afirmação. Basta assistir à cobertura esportiva da Band por uns 10 minutos para ter idéia do que estou falando.

Apesar da rotineira histeria de nomes como Neto e Datena, o programa da Band (Jogo Aberto, Terceiro Tempo ou seja lá qual for o nome, porque os comentaristas são sempre os mesmos) é divertido. Gosto de assistir, não nego. Pela quantidade de besteiras ditas por minuto, a "atração" se aproxima muito mais de um programa de comédia do que do jornalismo esportivo.

Conca comemorando o título do Flu no Engenhão, ao fim da vitória por 1x0 contra o Guarani, em 05/12/2010.

De resto, aos não satisfeitos com a vitória do Fluminense, que é, tricampeão, sim senhor (essa história de falar que o título de 1970 não conta é uma tremenda palhaçada), lembro de uma das mais famosas colocações de Nelson Rodrigues sobre o time:

“O Fluminense é o único time tricolor do mundo. O resto são só times de três cores...”

E, aos, fãs do Muse (corinthianos ou não), peço que se recordem dessa foto:

Chris Wolstenholme (baixista do Muse) usando a camisa do Fluminense que ganhou de um fã, quando esteve no Rio de Janeiro, em julho de 2008. A foto foi divulgada no Twitter oficial da banda em 13/08/2009.
(Usarei essa imagem eternamente, hahaha).

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Notas musicais

Acho que os desenhos abaixo têm muito a ver com o nome do blog. E, provavelmente, com seu espírito também. São trabalhos do australiano Andreas Mohacsy e podem ser encontrados em sua galeria do DeviantART. Essa dica eu "pesquei" no blog Rabisquera.

Na primeira imagem, temos dez personalidades da música, de estilos, épocas e nacionalidades diferentes, cujos rostos figuram em notas de dólar. Será que você consegue identificar quem são eles? Clique na figura para ampliá-la e visualizá-la melhor. Caso você não consiga descobrir todos os músicos retratados, as respostas encontram-se ocultas, abaixo das ilustrações (selecione o texto da postagem com o mouse para que os nomes apareçam).


NOMES
: Beethoven, Elvis Presley, Bob Dylan, John Lennon, Stevie Wonder, Jimi Hendrix, Ozzy Osbourne, Sid Vicious, Madonna, Kurt Cobain.

O segundo trabalho é bem mais complexo que o anterior. Não só há uma maior diversidade de artistas, como também as notas de dinheiro são agora, assim como os músicos, de países de todo o mundo. Clique na ilustração para visualizá-la melhor e identificar os músicos nela representados.

©2008-2010 ~A-J-Mohacsy

NOMES (por ordem de aparência): John Simon Ritchie (Sid Vicious) - Sex Pistols; Ludwig van Beethoven; Roy Kelton Orbison; Roberta Joan Anderson (Joni Mitchell); Robert James Smith - The Cure; Dolly Rebecca Parton; Steveland Hardaway Morris (Stevie Wonder); Alicia J. Augello-Cook (Alicia Keys); Robert Anthony Plant - Led Zeppelin; Keith Richards - The Rolling Stones; Zacarías Manuel de la Rocha - Rage Against the Machine; Madonna Louise Ciccone Ritchie; Lauryn Noel Hill; Luciano Pavarotti; Deborah Ann Harry – Blondie; Willie Hugh Nelson; Tupac Amaru Shakur (2Pac, Makaveli); Justin Randall Timberlake; Kurt Donald Cobain – Nirvana; Reginald Kenneth Dwight (Sir Elton Hercules John); John William ColtraneBjörk Guðmundsdóttir; James Herbert Keenan (Maynard James Keenan) – TOOL; Daniel Paul Johns - Silverchair; Robert Allen Zimmerman (Bob Dylan); Michael Joseph Jackson - Jackson 5; Sergei Vasilievich Rachmaninoff; Lou Reed - The Velvet Underground; David Robert Jones (David Bowie); Karen Lee Orzołek - Yeah Yeah Yeahs; John Winston Ono Lennon - The Beatles; Lou Reed - The Velvet Underground; Eunice Kathleen Waymon (Nina Simone); David Robert Jones (David Bowie); James Douglas Morrison - The Doors; Robert "Bob" Nesta Marley; Bradley James Nowell – Sublime; Keith Charles Flint - The Prodigy; Jack White - The White Stripes; Carlos Augusto Alves Santana; Whitney Elizabeth Houston; Peter Dennis Blandford Townshend - The Who; Paul David Hewson (Bono) - U2; Jimi Hendrix; John Michael “Ozzy” Osbourne - Black Sabbath.

sábado, 20 de novembro de 2010

De arrepiar

Devo dizer que apesar de saber que David Fincher (Se7en, Fight Club, The Curious Case of Benjamin Button, entre outros) estava na direção, eu não levava fé nenhuma em The Social Network (A Rede Social), o comentado "filme sobre o Facebook". Mas outro dia consegui assistir ao trailer do mais recente trabalho do diretor norte-americano e comecei a mudar de opinião e encarar as coisas de modo mais positivo.

Na verdade, tenho que confessar que fiquei arrepiada ao ouvir a versão de "Creep" que aparece no vídeo, interpretada pelo coral belga Scala & Kolacny Brothers, que até então, apesar de ter vários álbuns lançados, ninguém no lá de cá do Atlântico parecia ter ouvido falar. E, parando para pensar, a música do Radiohead, com esse arranjo bem mais "light", casa perfeitamente com a proposta de The Social Network.

Assista ao trailer no player abaixo e arrepie-se você também:



The Social Network estréia nos cinemas brasileiros somente no dia 3 de dezembro. Mas lá fora já é sucesso de público e crítica.

Do template e suas cores

Ok, vamos esclarecer umas coisas: eu, definitivamente, não gosto da cor rosa. E então, diante dessa afirmação inicial, você vai me perguntar: "mas por que diabos decidiu usar um template com detalhes em pink?". Saiba, estimado leitor, que a resposta para esse aparente paradoxo é bem simples - mais ou menos.

Procurando um tema legal para o Notas Dissonantes em diversos sites e blogs especializados em templates, encontrei um modelo chamado Citrus Pink Blogger Theme no BTemplates. Era o tipo de template ideal para mim: simples (sem muitas frescuras), de carregamento rápido, com duas sidebars à direita e um footer com 3 colunas. Só havia um problema: eu não gostei das cores, o layout me pareceu muito chamativo. A combinação de pink com marrom chocolate me lembrou na hora um Sonho de Valsa - eu adoro o bombom, mas a mistura de cores da marca é muito "cheguei", algo que definitivamente não combina comigo. Só que quantas vezes não encontramos por aí um template para Blogger legal, mas não gostamos de um detalhezinho ou outro?

Por isso, ainda que não tenha me agradado por completo, fiz o download do modelo e o instalei no blog. Apesar de interessante, o Citrus Pink não é um template muito customizável. Os gadgets são facilmente instalados na aba "Elementos de Página" na opção "Layout" do "Painel" do Blogger, mas não é possível personalizar as cores na aba "Fontes e cores" apenas utilizando a paleta. Quanto à alteração do tamanho e estilo das fontes, reparei que o template também apresenta problemas nessa aba, apesar de o recurso estar habilitado. A solução é alterar as cores e fontes no código do template, na aba "Editar HTML", o que dá um certo trabalho.

Decidi trocar todas as cores, deixar o modelo com tons de cinza e detalhes em azul, basicamente como era nas quatro (!) versões de template utilizadas na vida do My Headphone. Então percebi que se fizesse a troca de rosa para azul, o template perderia completamente sua identidade, e seu nome, Citrus Pink Blogger Theme, não faria mais nenhum sentido. Não achei justo desvalorizar o trabalho do designer britânico Lawny, desenvolvedor do Lawny Designs e criador do template. Então, por esse motivo, o modelo continua com detalhes em rosa.

Essa mudança na escolha de cores para o Notas Dissonantes indica o (início do) fim do meu daltonismo - os cerca de dois anos de branco-cinza-preto-azul, numa coisa quase Grêmio, dão lugar à combinação de branco-cinza-preto-rosa. Ao menos assim os visitantes do blog perceberão mais facilmente que quem escreve as postagens é uma mulher - cansei de ler comentários no My Headphone nos quais as pessoas me tratavam como homem, porque provavelmente não se davam ao trabalho de ver o meu nome no rodapé das postagens ou porque, por puro "achismo" ou por estarem presos às convenções de gênero, acreditavam que mulher não pode gostar de azul e preto, comentar sobre rock e dar uns pitacos sobre futebol.

Mas, finalizando a questão, que fique bem claro: cor-de-rosa, para mim, só a Pantera.

P. S.: Se calhar, um dia eu me animo e decido usar um template verde-branco-grená. Devem imaginar o porquê, não?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um blog novo - e agora, Nathália?

Bem, já que eu decidi voltar a blogar, é chegada a hora de ponderar alguns aspectos. Começo dizendo que meu retorno ao "fabuloso mundo dos blogs" não foi fácil. Os últimos meses se sucederam numa rapidez avassaladora, repletos de dúvidas, hesitações, tensões e expectativas. Mas o que sempre existiu em mim foi, fundamentalmente, o desejo de escrever. E desse, por mais que se tente, não se pode fugir. Portanto, como diria Pepetela no início aparentemente "inadequado" de um de seus romances, resolvi voltar a escrever. Preparem-se, companheiros, pois o texto é longo.

O My Headphone foi o primeiro blog que tive e escrevi com certa (cof, cof...) regularidade nele durante dois anos, como eu disse no "Sobre o Blog" aqui do Notas Dissonantes. Pois bem, cheguei à conclusão de que se existe uma verdade na vida é esta: a primeira vez, em tudo, é sempre inesquecível - seja para o bem ou para o mal.

O que eu quero dizer é que em um primeiro blog a gente comete muitos erros, e, na maioria das vezes, sem se dar conta disso. E não vou nem falar da "parte técnica" da coisa, isto é, da apresentação visual do blog, widgets, feeds, visitas, etc. Não sou (nem de longe) especialista na área e tudo o que aprendi foi por ser curiosa e sair pesquisando e testando no blog. Portanto, deixo para quem realmente entende e trabalha com informática e tecnologia esse tipo de informação, afinal existem ótimos metablogs brasileiros.

Quem está iniciando no ramo de blogs encontra excelentes tutoriais, por exemplo, no Dicas Blogger, da Juliana Sardinha, e no [Ferramentas Blog], do Marcos Lemos. A Nospheratt do Blosque.com também escreve artigos muito interessantes, entre os quais, de cara, eu destacaria "Está Começando Um Blog? Descubra Aqui O Que Você Não Deve Fazer" e "Top 15 – Erros Que Blogueiros Novatos Cometem… E Uma Dica".

Mas, voltando, eu quero falar, a partir da minha experiência pessoal, sobre a postura assumida pelo blogueiro, de suas dificuldades e responsabilidades quando quer levar a cabo um projeto de blog. No início do My Headphone eu tinha vontade de escrever feito doida, postar várias textos sobre as bandas que eu ouvia (e achava que eram a melhor coisa do mundo e, por extensão, que as outras pessoas também deveriam pensar igual a mim). Só que os meses passaram, o ritmo da faculdade se intensificou e, consequentemente e de forma inversamente proporcional, o ritmo das postagens do blog diminuiu. E daí pra pior: nos finais de período a coisa fica tão feia que tem dias em que eu não tenho tempo nem para abrir o e-mail!

Para complicar um pouco mais, durante esses dois anos eu também tive uma série de problemas familiares, perdas de irreparáveis de pessoas queridas, o que também me desmotivou bastante. Outros contra-tempos que prejudicaram o My Headphone foram o fato de minha internet ter sido uma porcaria durante um bom tempo e eu ter uma capacidade homérica de pegar vírus que sempre danificam alguma coisa do PC. E um raio, sim, um maldito raio queimou a placa-mãe e o processador do meu antigo computador. Desgraça pouca é bobagem, você não acha?

Fora a questão familiar - coisas que ninguém espera ou deseja que aconteçam -, percebi que me faltou organização e capacidade de administrar o tempo. Também pudera, uma pessoa que não consegue nem manter o próprio quarto arrumado... Acho que o melhor a fazer é tentar manter, desde o início, uma frequência regular na publicação das postagens, para que as pessoas não se assustem com algum eventual "sumiço" meu. Seriam interessantes ao menos duas atualizações semanais do Notas Dissonantes.

Gradativamente fui entendendo também que se você quer que seu blog seja lido, não dá pra ficar "andando em círculos", falando trocentas mil vezes sobre a mesma coisa. Também não é legal ficar se achando o máximo no assunto que você se propõe a lidar. E, principalmente, não dá pra chutar o balde de vez e dizer "o blog é meu, escrevo sobre o que eu quero e foda-se o mundo!". Claro que que às vezes (muitas vezes) é necessário mandar todo o mundo ir a certos lugares não muito agradáveis, mas um pouco de bom-senso é necessário. Percebi que, antes de mais nada, é preciso baixar a bola.

Em um lance como música é preciso estar com a mente aberta e disposto a ouvir sempre coisas diferentes, e isso às vezes é difícil pacas. É inevitável que você faça juízos de valor e comparações do tipo "hum, não gostei da guitarra dessa música" ou "o CD dessa banda lembra algo do Joy Division", mas penso que isso é necessário, faz parte do processo. A grande sacada é não falar besteira sem nem mesmo ter tido contato com a obra, ser preconceituoso. Isso ainda evita atitudes totalmente fake. Acho muito válido dar a sua opinião DEPOIS que você ouviu/leu/assistiu, nadando contra a corrente se preciso for. Por exemplo, quando o último disco do Editors saiu, ano passado, li uma enxurrada de elogios a In This Light and On This Evening. Fui ouvir toda esperançosa, mas achei o álbum chato pra burro, muito meia-boca. Enfim, é uma opinião pessoal, pode ser até mesmo que daqui há alguns anos eu tenha uma outra percepção e passe a gostar do disco. Só que por enquanto, ainda não engulo In This Light and On This Evening.

Acredito que as pessoas têm que ter cuidado com o que escrevem, pois hoje muitos blogueiros acabam sendo formadores de opinião - o que, evidentemente, não é o caso de blogs que quase ninguém lê como os meus (risada sarcástica). No entanto, se você criou um blog, é óbvio que espera que alguém leia os seus textos. E quem lê os seus textos, ainda que não te conheça, acaba fazendo uma imagem de você, que pode ou não corresponder à realidade. Se você digitar muita caquinha tem que estar preparado para as consequências: o formulário de comentários aparece logo abaixo das postagens.

Então você me pergunta: mas e a moderação de comentários? Sinceramente, não acho muito legal moderar os comentários das postagens do blog. Quando o blog já tem muitas postagens, até é interessante usar o recurso "Somente postagens anteriores a x dias", para você se orientar melhor. Mas, no geral, considero moderação uma preocupação secundária. Creio mesmo que inibe o leitor, que vai pensar duas vezes antes de comentar, porque sabe que sua opinião pode ser "reprovada" pelo administrador do blog.

Durante minha experiência com blogs só tive uma vez um leve aborrecimento com um leitor anônimo, justamente no post de despedida do My Headphone. Eu poderia ter simplesmente recusado o comentário, mas aprovei e fiz questão de dar uma resposta à altura. Mas a única coisa que acho realmente intolerável é SPAM descarado nos comentários: isso eu não aceito mesmo, deleto sem dó nem piedade! Assim, pesando prós e contras, decidi adotar moderação só para os posts publicados há mais de 60 dias.

Contando um último caso, há alguns meses eu fiquei puta possessa porque o Blogger tinha deletado uma postagem do My Headphone. Defendi meu ponto de vista e um outro usuário da plataforma também defendeu o dele, nos comentários, como você pode ver aqui. Considerei esse debate virtual muito produtivo. A minha opinião sobre a questão não mudou, mas eu pude "ouvir" um outro lado da situação, e isso (refiro-me ao ato de comentar) demonstra as inúmeras possibilidades de um blog como ferramenta de comunicação e troca de idéias e experiências.

E, por fim, o mais importante, escreva sobre o que você gosta, o que te dá prazer. Não se deixe levar por modismos ou opiniões alheias. Parece chulo, mas, expressando de forma nua e crua, esta é uma das conclusões mais acertadas a que cheguei nos últimos anos da minha vida (e um dos poucos conselhos verdadeiramente úteis que eu posso dar a alguém): escreva com tesão. Sim, escreva com tesão, ainda que meio mundo tente te impor obstáculos e impedir de fazer isso.

P. S.: Esse post não ficou com a maior cara de mensagem de auto-ajuda misturado com promessa de fim de ano, daquelas que você faz e provavelmente não vai cumprir?

P. S. 2: Falta de concisão em determinados textos é um problema grave. Mas, como você vai reparar daqui para frente, minha prolixidade já não tem cura.

P. S. 3: Quis fazer uma breve paródia (um tanto óbvia) dos versos de Drummond. Por isso, achei justo adicionar ao post uma fotografia do nosso ilustre poeta.

P. S. 4: Só quem ler A Geração da Utopia vai entender o que eu dizer com a suposta inadequação de um "portanto" no início de um texto/fala. Trata-se de uma daquelas gramatiquices idiotas que nosso amado Pepe tão bem soube ironizar em seu romance.

No ar

Por favor, aperte Start para começar o jogo.

 
Citrus Pink Blogger Theme. Design By LawnyDesignz. Custom by Notas Dissonantes. Powered by Blogger.